2 anos de rubricas na RTP

Esta semana na Praça da Alegria fez 2 anos que colaboro com a RTP, falando sobre plantas, numa rubrica que se tornou habitual (semanal) às Quintas-feiras. Como o tempo passa depressa... Confesso que custa a acreditar que passado todo este tempo ainda haja vontade de pôr no ar alguém a falar de plantas, mas de facto as audiências assim o tem justificado. Certo é que me tem dado um enorme prazer (e muito trabalho) produzir os momentos que semanalmente chegam ao lar de muitos portugueses, um pouco por todo o mundo. De forma algo egoísta gosto de pensar que contribuo para mudar o quotidiano de muitas pessoas, com os conhecimentos e atitudes que vinculo, ainda que seja atravês de um pequeno gesto, como lançar uma semente à terra...

Share this:

Cravinho

Planta originária das Molucas e das Filipinas Meridionais, hoje cultivada em diversos países da zona tropical (Madagáscar, Indonésia, Brasil). Conhecida como Syzygium aromaticum ou Eugenia caryophylus - Cravo-da-índia, cravo-de-cabecinha, cravoária.

Arbusto ou árvore de porte médio com forma piramidal ou cónica (9-12 metros altura). Pode viver mais de 100 anos. Normalmente, as jovens plantas não geram flores durante os primeiros cinco anos do seu ciclo de vida. Fica o vídeo, com toda a informação.


É usada no Oriente desde há muitos séculos pelos naturais, com o objectivo de eliminar o mau hálito da boca. Na China, no século III a.C. As pessoas mascavam cravinho antes de se dirigirem ao Imperador, como sinal de respeito e para combater o mau hálito. Noutros locais atribuíam-lhe propriedades afrodisíacas.

A especiaria era consumida há muitos anos pelos povos das margens do mediterrâneo, sob o nome de Cariophilum. Nesse tempo, chegava à Europa trazida pelos árabes que a compravam no oriente e a faziam chegar aos portos do mediterrâneo, como era a regra para as especiarias orientais, antes da descoberta do caminho marítimo para a Índia pelos portugueses.

Ao atingir as ilhas Molucas em 1511 os portugueses ficaram muito impressionados com a riqueza em especiarias. Os portugueses foram os primeiros europeus dos tempos modernos a conhecer as plantas produtoras do cravo. Considerada uma das especiarias mais caras entre aquelas do Oriente que chegavam à Europa antes dos Descobrimentos, porque tinham que fazer uma longa viagem de quase uma semi-circunferência do globo, embarcada e desembarcada dezenas de vezes, vendida e revendida, passando dos juncos aos navios árabes, destes às caravanas que atravessavam lentamente as intermináveis planícies da Mesopotâmia e destas às embarcações mediterrânicas.

Quando os portugueses chegaram às ilhas das especiarias o cravo passou a vir para a Europa principalmente pela via marítima que deram a conhecer aos europeus. inaugurava-se assim a época da conquista, que nos custou muito trabalho e muitas vidas, porque o cravo foi sempre comprado com sangue dos portugueses. Uma das especiarias mais valorizadas, no mercado do início do século XVI um quilo de cravo equivalia a sete gramas de ouro.

Em 1605 os holandeses ocuparam as ilhas Molucas e expulsaram os poucos portugueses que por ali restavam, assegurando o negócio do cravo. Com o objectivo de manter o monopólio do comércio do cravo, concentraram toda a produção numa ilha apenas e mandaram destruir todas as plantações existentes nas demais. Impondo penas severas para todos aqueles que a cultivassem fora do espaço determinado para o efeito. Esta decisão foi mal aceite pelos locais, pois interferia com o costume de plantar um craveiro no nascimento de cada um dos seus filhos e o comportamento de cada árvore consideravam-no relacionado com a vida da criança. Assim, se as árvores fossem destruídas, isso representaria um mau agoiro para os filhos a que estavam associadas.

Perdidas as Molucas em detrimento da Holanda, estava perdido o comércio do cravo, os portugueses arriscaram noutras regiões, mas os resultados não foram muito satisfatórios. Em meados do séc. XVI descobrem no Brasil uma planta similar, cravo- maranhão, no entanto, não vai ter o mesmo impacto que o cravo do Oriente.

Partes utilizadas: botões florais. Inicialmente a flor tem uma coloração rosada, mas com o tempo, muda para amarelo-esverdeada e depois torna-se vermelha. É nesta última fase da flor, mas antes da abertura da corola, que se obtém o cravinho. Se não se proceder à colheita, a flor abre e as pétalas tornam-se patentes e o produto perde grande parte do seu valor comercial. É fundamental colher antes que atinjam esta fase vermelho brilhante, quando estão no pico de sabor e aroma. A colheita geralmente demora de dois a três meses.

O óleo essencial (15% a 20%) deve existir nos botões florais, no mínimo, 150 ml/kg, e possuir eugenol (85% a 90%). É responsável pela acção antibacteriana, antifúngica, e antiviral, devido essencialmente ao eugenol. Este óleo é usado como matéria-prima na indústria farmacêutica, cosmética e odontológica.

Infusão: 1 a 1,5 gr por chávena, 3 chávenas por dia, antes ou depois das refeições.

Uso externo: óleo essencial puro, em solução alcoólica ou oleosa a 10%; impregnar uma gase ou algodão e aplicar em dentes cariados.

Na culinária: É normalmente empregue na preparação de sopas, ensopados, doces, pudins, bolos, pão, vinhos, ponches quentes e licores. O eugenol, presente no óleo essencial, tem acção bactericida, o que o torna útil para preservar e prolongar a validade de compotas e conservas.

Na saúde e cosmética: Utilizado em produtos de higiene oral para desinfectar e promover um hálito agradável. É também eficaz no combate à acne. O óleo pode ser usado para massajar músculos doridos, para suavizar estrias e é eficaz no tratamento de unhas quebradiças, rachadas ou fracas, e de calosidades.
Na Indonésia empregam-se grandes quantidades de cravo na confecção de cigarros perfumados (Kretek). O país é responsável pelo consumo de mais de 50% da produção mundial. É de tal forma elevado que este país, apesar de ser um dos maiores produtores, nem sequer tem sido auto-suficiente.

Syzygium_aromaticum_on_tree 3


Syzygium_aromaticum_on_tree 2


Syzygium_aromaticum_on_tree


Syzygium_aromaticum_drying


cloves

Share this:

Ulmária - Aspirina dos boticários

Também conhecida como raínha-dos-prados, erva-das-abelhas (Filipendula ulmaria ou Spiraea ulmaria), é uma planta altiva e delicada, herbácea, vivaz, da família das rosáceas. Em Portugal, cresce especialmente no Minho e em Trás-os-Montes, em lameiros e locais húmidos. Pode atingir 1,5 de altura, apresenta um caule robusto, duro e sulcado, folhas grandes, aromáticas, compostas, verde-escuras na página superior e branca na inferior. Em Junho, Julho e Agosto, dá uma flor branco-amarelada de aroma doce e perfumado, algo semelhante à amêndoa. As raízes são fibrosas. Utilizam-se as partes aéreas floridas

Utilizada na terapêutica de suporte a gripes (tosse, febre). Uso interno: dose média diária: 2,5 a 3,5 gr.
Infusão: uma colher de sobremesa por chávena, várias vezes ao dia, depois das refeições. Não deve ser usada quando haja sensibilidade aos salicilatos.

Tanto as folhas como as flores são comestíveis. As flores, que têm um leve aroma a amêndoa, podem adicionar-se a sobremesas várias como fruta cozida, arroz-doce, compotas e até vinho. Na Primavera, as folhas frescas podem juntar-se a sopas e saladas.

Félix Hoffmann, um jovem químico alemão da empresa Friedrich Bayer, criou a Aspirina. O novo medicamento surgiu a partir das queixas de seu pai, que tomava o ácido salicílico para tratar de artrite, mas reclamava sempre do gosto amargo. A salicilina, substância encontrada em plantas como a ulmária e o salgueiro (Salix alba), já havia sido sintetizada em 1874 na Alemanha. Nas suas pesquisas, Félix acrescentou um grupo acetil ao ácido salicílico, criando o ácido acetilsalicílico, em agosto de 1897. Em 1899, Depois de comprovadas as acções analgésicas, antipiréticas, e anti-inflamatórias da substância, a Bayer introduziu a nova droga no mercado.

O nome Aspirina deriva do A (de acetil) + spir (da planta spirea, isto é, Filipendula ulmaria, também conhecida por Spiraea ulmaria, a fonte principal da salicilina) + in (sufixo usado para medicamentos).

Boticário (Aquele que prepara e vende medicamentos na botica. Farmacêutico). Toda a história desta planta neste delicioso vídeo!!!

Share this:

Feira da Primavera no Cantinho das Aromáticas

O Concelho de Vila Nova de Gaia, pela sua história rural, continua ser um lugar fértil em tradições e marcas culturais que reflectem uma forte ligação à terra, à agricultura e ao artesanato, apesar das suas novas características urbanas. Ainda hoje é possível encontrar exemplos vivos dessa realidade, mas também iniciativas empresariais inovadoras, nomeadamente de Agricultura Biológica Urbana, que contribuem activamente para a valorização do património cultural e paisagístico do Concelho.

Nesse sentido o Cantinho das Aromáticas, como exemplo pioneiro da Agricultura Biológica Urbana, estando sedeado numa das Quintas históricas do Concelho, apresenta um conceito inovador de mercado que baptizamos de “Feira da Primavera".

A Feira da Primavera, que se realizará na centenária Quinta do Paço, Canidelo, durante quinze Sábados consecutivos, pretende assim valorizar e dinamizar um espaço de inegável beleza, oferecendo um mercado de produtos biológicos e ecológicos a todos os Gaienses.

Este evento permite divulgar os seus produtos e/ou serviços, enquanto expositor. Oferecemos um conjunto de actividades ligadas à Agricultura Biológica, Meio Ambiente, Ecologia, Saúde e Cultura, sensibilizando os visitantes para a importância destas temáticas, com a realização de Workshops, Tertúlias e Eventos de Animação Cultural.

Convidamos assim à sua participação num conceito inovador de mercado dedicado a proporcionar, ao visitante, um contacto com diferentes produtos de modo de produção biológico ou sustentável, regionais, locais ou nacionais, comercializados ao ar livre.

Os 15 temas principais da Feira da Primavera são:
  • Alimentação e bem estar animal
  • Artesanato
  • Azeite
  • Carne e enchidos
  • Chocolate
  • Cogumelos
  • Compotas e doces
  • Cosméticos naturais
  • Hortícolas
  • Mercearia
  • Plantas aromáticas, medicinais e condimentares
  • Queijos
  • Sementes
  • Texteis e vestuário
  • Vinhos
Se a sua área de negócio se enquadra na temática referida, desafiamos a que promova os seus produtos, quer pela venda quer pela orientação de Workshop(s), durante 15 Sábados consecutivos entre 20 de Março e 26 de Junho, com porta aberta entre as 10:00 e as 18:00 horas, no bonito concelho de Vila Nova de Gaia.
O sucesso deste evento também depende de si. Contacte-nos em geral@feiradaprimavera.com e descubra as vantagens da sua presença neste certame.

Share this:

Telhados verdes

Os benefícios dos telhados verdes são tão vastos que se tona difícil estudá-los de forma integrada. Um dos estudos mais transversais sobre este tema foi efectuado com o patrocínio da Toronto City Authority, Environment Canada, Green Roofs for Healthy Cities, e a Canadian National Reserch Council Institute for Reserch in Construction. Trabalharam num cenário modesto em que apenas 6% das coberturas de Toronto seriam ajardinadas nos próximos 10 anos (representando 1% da área total de Toronto: rondando os 6 milhões de metros quadrados). O tipo de cobertura proposta tinha 15 cm de espessura com uma fina camada de relva ou prado. Os benefícios estimados, resultantes da possível implementação deste programa seriam os seguintes:
  • Postos de trabalho directos e indirectos: 1350 postos de trabalho anos/ano;
  • Redução no efeito de ilha de calor da cidade de 1 a 2º C;
  • Redução da emissão de gases de efeito de estufa por parte dos edifícios: 1,56 mega toneladas;
  • Redução das ocorrências de episódios graves de “smog”: 5-10%;
  • Quantidade de partículas capturadas/retidas pelas plantas: 29,5 ton / ano;
  • Retenção de águas da chuva: 3,6 milhões de metros cúbicos por ano (o custo para construir reservatórios com essa capacidade seria de 60 milhões de dólares);
  • Produção de alimentos assumindo 10% de utilização da área das coberturas: 4,7 milhões de quilos por ano;
  • Poupança anual de energia: 1 milhão de dólares por ano;
  • Área potencial para recreio activo de uso público e privado: 650.000 m2.
Os meus agradecimentos à empresa Clorofila, especialista neste género de soluções, que desde Setembro passado vinha preparando comigo esta rubrica, uma das que maior prazer me deu fazer até hoje, porque acredito que é uma das melhores ideias verdes dos tempos que correm e também porque é fácil de instalar, com resultados excelentes para todos.

Aqui fica o vídeo, que por ser maior do que 10 minutos, foi dividido em 2 partes.

Telhados verdes (vídeo 1)


Telhados verdes (vídeo 2)

Resumo das vantagens dos telhados verdes:

  • Aumento significativo da área verde em contexto urbano e consolidação da sua estrutura ecológica;
  • Importante papel na integridade e sustentabilidade dos sistemas de drenagem urbanos;
  • Capacidade de retenção de água: 3.6 milhões m3/ano - simulação para Toronto, se 6% da sua área total for ocupada por coberturas ajardinadas com uma espessura de 15 cm, nos próximos 8 anos; 10 cm de substrato absorvem 90% da precipitação de Verão ; 10 cm de substrato absorvem 75% da precipitação de Inverno (Dunnet et al. 2004);
  • Diminui o risco de inundações: 50-80% da água da chuva é maioritariamente absorvida pelas plantas, outra é evaporada e a restante é conduzida para os colectores (Dunnet et al. 2004);
  • Diminuição do impacte negativo da massificação das estruturas construídas em meio urbano;
  • Aumento da actividade fotossintética que implica: aumento na produção de oxigénio, maior reciclagem de dióxido de carbono e redução no efeito de estufa;
  • Aumento da biodiversidade e dos nichos ecológicos: diversidade de cores, formas, texturas, expressões fenotípicas ao longo do ano, aumento da diversidade faunística (insectos, aranhas, pássaros), promoção do equilíbrio ecológico;
  • Redução do efeito de “ilha de calor”: redução de 681 a 1714 toneladas de emissão de gases indirectamente provenientes do efeito de ilha de calor - simulação para Toronto, se 6% da sua área total for ocupada por coberturas ajardinadas com uma espessura de 15 cm, nos próximos 8 anos) (Dunnet et al. 2004);
  • Absorção/ Redução da poluição sonora: 10 cm de substrato implica uma redução mínima de 5 decibéis (aeroporto de Frankfurt), 12 cm de substrato – redução de 40 decibéis, 20 cm de substrato – redução de 46-50 decibéis (Dunnet et al. 2004);
  • Absorção/ Filtragem de gases poluentes e de partículas em suspensão na atmosfera: redução de problemas respiratórios (redução de 5 a 10%), diminuição de 1 a 2º C no microclima urbano, melhoria qualidade ambiental e de vida (Dunnet et al. 2004);
  • Prevenção do risco de incêndio: composições florísticas que incluam plantas suculentas retardam a propagação do fogo;
  • Capacidade de isolamento térmico: redução nas oscilações térmicas dos edifícios, redução em 12º C entre as temperaturas máximas diurnas e nocturnas – (valores medidos na Alemanha), diminuição de 8% do consumo de energia eléctrica destinada ao ar condicionado (Dunnet et al. 2004), conservação de energia;
  • Produção de 4.7 milhões kg de plantas hortícolas/ano – simulação para Toronto, se 6% da sua área total for ocupada por coberturas ajardinadas e hortícolas com uma espessura de 15 cm, nos próximos 8 anos) (Dunnet et al. 2004);
  • Criação directa e indirecta de emprego: 1350 pessoas/ano de acordo com a simulação efectuada para Toronto, se 6% da sua área total for ocupada por coberturas ajardinadas com uma espessura de 15 cm, nos próximos 8 anos) (Dunnet et al. 2004). Igualmente seria criado um gigantesco de produção de plantas;
  • Possibilidade de obtenção de benefícios fiscais: Entre outros a Suíça a Áustria e a Alemanha concedem benefícios fiscais (Dunnet et al. 2004).

Share this:

Lista de plantas Fevereiro 2010

Deixo a lista de plantas disponíveis no Cantinho das Aromáticas para Fevereiro, de forma a que seja mais fácil descarregar para consulta e escolha na nossa loja virtual, em http://www.cantinhodasaromaticas.pt/loja/plantas-em-vaso-bio/

Da lista fazem parte informações detalhadas sobre as plantas, organizadas numa tabela, tais como:

  • Nome vulgar da planta;
  • Nome científico;
  • Propriedades (Aromática, Medicinal, Condimentar - A,M,C);
  • Comestível (sim ou não);
  • Repelente de pragas (sim ou não);
  • Atrai insectos úteis (sim ou não);
  • Ciclo (Anual, vivaz, perene);
  • Exposição (Sol, meia-sombra, sombra).
Depois de escolhidas e confirmada a sua compra, as plantas são enviadas por transportadora para qualquer ponto do país.

Share this:

Plantas de Portugal - Rosmaninho

Muitas pessoas confundem o Alecrim (Rosmarinus officinalis) com o Rosmaninho (Lavandula sp.), graças à relação fonética próxima com o nome do género que identifica a primeira planta.

No nosso país surgem cinco espécies de Lavandula: L. pedunculata (dividindo-se nas subespécies pedunculata, sampaiana e lusitanica), L. luisieri, L. viridis, além da L. latifolia e  L. multifida, duas espécies menos abundantes e distintas das primeiras. Sãos as alfazemas de Portugal, algumas delas disponíveis no nosso viveiro.

As plantas, as fotos e muito mais informação no vídeo que se segue.

Share this: