A das memórias
Há plantas assim, que
nos fazem viajar no tempo, até aqueles momentos que nos marcaram de
forma impressionante, alguma vez na vida. Pois a segurelha é uma
dessas plantas. Assim que a esfrego na mão, entro num portal
temporal que me transporta até às carteiras da quarta classe e das
reguadas (poucas) que levei da professora Conceição, por roer
avidamente os meus Viarco nº 3, com as duas dentolas frontais que
vieram substituir a caduca dentição de leite.
Aquele sabor especial de
lápis grafite vive alojado nas masmorras olfactivas do meu cérebro.
Nas minhas e nas de tantos outros a quem tenho dado a conhecer esta
inusitada relação. Ainda hoje vibro com a surpresa espelhada nas
faces dos membros da irmandade dos antigos roedores de lápis, ao
sugerir cheirar segurelha. É mágico!!!
Outro aspecto a realçar
nesta planta é o casamento a roçar o perfeito que estabelece no
prato com leguminosas, incluindo o bónus de reduzir ou eliminar a
probabilidade de flatulência, em caso de consumo excessivo dos
traiçoeiros grãos. Até um simples creme de cenoura fica outro
quando momentos antes de servir é pontuado com umas poucas de
folhas, frescas ou secas. Não sei o que seria da minha vida sem
favas salteadas com segurelha!!! Até porque com uma planta condimentar deste
calibre o céu é o limite.
Existe uma outra espécie
vulgarmente utilizada em cozinha, a segurelha anual ou segurelha das
hortas (Satureja hortensis),
de aroma um pouco mais fino e delicado. Também chamam a esta,
segurelha de verão, em contraposição, segurelha de Inverno à qual
acabámos de conhecer. Para adquirir, clique aqui.
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