De médico e agricultor todos temos seja onde for

Fui convidado para dar duas palestras, uma no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar ( ICBAS), outra no hospital Lusíadas Porto. Ambas para médicos e investigadores.

Na conferência do hospital Lusíadas o tema era a hipertensão. Os meus colegas técnicos de saúde humana, dissertaram sobre a abordagem médica clássica. Uma alimentação saudável e equilibrada, com a menor quantidade possível de sal, açúcares e carne, prática desportiva regular (se possível diária) e a toma das inevitáveis pastilhas para fazer baixar a tensão arterial, quando a disciplina não é cumprida.

A apresentação final coube a este agricultor/agrónomo. As plantas aromáticas, medicinais e condimentares foram, como sempre, o mote para a dissertação e a minha abordagem absolutamente complementar.

Defendi uma alimentação saudável e equilibrada, reduzindo o consumo de sal em excesso, utilizando plantas como o tomilho bela-luz, aipo, coentros, poêjo, segurelha, salva, alecrim e muitas outras.

Os açúcares em excesso podem perfeitamente ser substituídos pela stévia, que não tem qualquer valor calórico. O consumo de carne pode ser bastante reduzido ou eliminado, como fazem milhões de seres humanos, todos os dias, um pouco por todo o mundo, sendo substituído por inúmeras plantas que igualam ou superam o seu teor em nutrientes.

A prática desportiva defendida pelos meus colegas técnicos de saúde humana alterna entre as caminhadas, corridas, bicicleta ou ginásio. Eu fiz-me valer de uma renovada prática desportiva ao ar livre, que pratico há mais de 14 anos e que tem hoje, todos os dias, novos praticantes. 

A agricultura urbana. Envolve um conjunto de exercícios, que pode ir das simples flexões ao mais complexo levantamento de pesos, mas igualmente eficiente. 

Diria até, um pouco mais eficiente, se pensarmos no efeito terapêutico obtido a médio/longo prazo, do prazer que se obtém quando se produzem alimentos. E medicamentos também. É verdade. Foi aqui que deixei toda a plateia totalmente perplexa.

Terminei a minha intervenção afirmando com clareza que podemos cultivar e produzir os nossos medicamentos. Sem patentes, sem pesticidas, sem ter que ir à farmácia e pagar as contas elevadas com o dinheiro que poupamos durante anos, comprando tantas vezes alimentos baratos, desprovidos afinal do que mais precisamos.

A maioria de nós não os pode cultivar todos, às vezes só se consegue mesmo cultivar um vaso ou uma floreira, mas conheço muitas pessoas que encontraram num pequeno vaso o pretexto para o começo de uma nova forma de estar.

São várias as razões para a dificuldade no tratamento da hipertensão. Não "dói", não se sente, muitas vezes os pacientes apresentam num determinado dia valores normais na medição das tensões e acham que o problema está resolvido.

No final, todos concordamos que para tantos seres humanos que sofrem com o flagelo da hipertensão, a solução para o problema não é alcançada, por falta de disciplina, falta de vontade.. mas que a falta de tempo nunca deve ser utilizada como argumento!!! 

Alguém disse mesmo que um dia tem 48 meias horas e pelo menos uma delas pode ser dedicada à prática desportiva, nas suas múltiplas abordagens. Uma delas é a agricultura urbana. A mais holística de todas, eu diria!!!

De médico e agricultor todos temos seja onde for!!! A correr a maratona ou na horta a cultivar manjerona!!!


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