"O próximo Ferran Adrià não será um cozinheiro, será um agricultor

A prestigiada revista Condé Nast publicou este mês um interessante artigo que vale muito a pena ler, com o título: "O próximo Ferran Adrià não será um cozinheiro, será um agricultor".

Deixo algumas frases interessantes deste artigo (probremente traduzidas...):

"O futuro da alta gastronomia passa por uma relação mais directa com a nossa horta e com os nossos agricultores".

"...proximidade e naturalismo culinário, sustentabilidade, meio ambiente e uma cozinha nua (muitas vezes quase espartano) que se parece mais ao jardim do que ao laboratório. Pratos com dois, três ou quatro ingredientes e essencialidade como bandeira".

"No que diz respeito a natureza e sustentabilidade, gostaria que restaurantes e chefs de todo o mundo percebessem o momento delicado que o planeta atravessa, e como estamos a destruir cruelmente os recursos naturais escassos".

"Em suma, a próxima revolução gastronómica será (ou espero que seja) o respeito pelo futuro daqueles que têm que vir ... e não tanto o ego que agora nos preocupa tanto".

"Os principais problemas de saúde dos países "desenvolvidos" devem-se a um modelo de alimentação em que as grandes corporações e o marketing não ético nos fizeram parar de criticar o sistema. No outro dia, uma pessoa disse-me que "vivemos mais anos". Certo, mas somos mais felizes?".

"...diariamente, comemos alimentos processados, galinhas cuja vida não exceda quarenta e dois dias, quando um ciclo natural deve ser de meses, ou vegetais cuja única diferença com os vegetais de brinquedo de plástico, é que os primeiros são mastigáveis. Exactamente o mesmo acontece com os selos de "garantia", entre os quais também estão incluídos os biológicos, por mais certificações, controlos e regulamentos, estes são feitos na medida dos interesses comerciais, cujo único símbolo é o dólar".
 
"Perante tudo isto, uma única solução: colocar o nome e o sobrenome de quem produz os nossos alimentos, a nossa saúde".

"Não tenho dúvidas: não há mais luxo verdadeiro (e emocionante) do que o fruto sem maquilhagem do nosso campo, e estou certo que o futuro da alta gastronomia passa por uma relação mais directa com a nossa horta e os nossos agricultores. Mas para que isso aconteça, temos que protegê-lo. Todos...". 

Todo o trabalho que há mais de 15 anos desenvolvemos no Cantinho das Aromáticas, assenta nestas ideias. Tal como muitos outros projectos de agricultura biológica de proximidade e excelência no nosso país, levados a cabo por agricultores visionários, muito à frente do seu tempo. Felizmente, cada vez mais cidadãos/consumidores se dão conta que comer é um acto político, social e cultural. 

Sabermos quem produz o que comemos, como produz e onde, com que dignidade e respeito pela sua comunidade, pode muito bem dar início a uma nova era de esperança para a humanidade.
 

Share this:

CONVERSATION

0 comentários: