Para-raios verde

É uma planta indispensável na minha colecção pessoal. Esta suculenta é fabulosa para promover cobertura de superfícies com pouco ou nenhum solo, já que vive de quase nada. 
 
Produz maravilhosos tapetes ou simplesmente “salta” dos vasos e floreiras, com as suas extraordinárias rosetas, que mudam de cor consoante a altura do ano.
 
Observar a sua floração é estar na presença do sagrado, se algum dia tivermos a felicidade de assistir.
 
A minha avó-materna apresentou-me em criança a alcachofra-dos-telhados ou saião-curto (Sempervivum tectorum). 
 
Era hábito nas aldeias do Minho tê-las plantadas no telhado, para evitar que o raio caísse na casa. Nos telhados onde estabelecia grandes tapetes, servia de reforço, isolamento e proteção adicional contra o fogo.
 
Uma tradição que remontará à ocupação romana da Península Ibérica.
 
É também um ingrediente fundamental em qualquer farmácia caseira. Utilizada em medicina tradicional para tratar queimaduras e hemorróidas, remover calos ou na limpeza de feridas.
 
O líquido obtido das suas folhas ainda hoje é utilizado para tratar otites, estando a sua actividade antimicrobiana devidamente comprovada pela ciência. Esta é uma das suas virtudes terapêuticas que já me foi útil, em criança.
 
Propaga-se facilmente por divisão, o que facilitou a passagem de mão em mão deste “para-raios verde”. O que impressiona é a receita para o seu cultivo, que é igual há séculos.
 
Um pouco de bosta seca (preferencialmente de vaca) como substrato, bastando poisar a alcachofra-dos-telhados em cima, para que ali constitua família e fique para sempre.
 
Esta é a melhor época do ano para instalar/renovar os para-raios nas aldeias de Portugal. Dei com este, acabado de instalar, algures no Minho.
 
Alcachofra fresca, em cama de bosta curtida, fornecida por vaca Barrosã com 7 anos, alimentada a pasto e feno, com uma pitada de pendão de milho, acompanhado de sua espiga.
 

 

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