Cultivo de lúpulo

Conheço centenas de agricultores. Parte da minha vida profissional é passada entre colegas que produzem os mais diversos produtos, de (A)mendoim a (Z)imbro.

No caso do (L)úpulo (Humulus lupulus), no nosso país existem um punhado de produtores, dois na região de Bragança.
 
Tive o privilégio de conhecer o Sr. Rodrigues, um verdadeiro cavalheiro, que em poucas horas teve a enorme generosidade de me ensinar livro e meio sobre esta fantástica cultura.

Ao contrário de outras plantas dioicas, em que a presença de indivíduos masculinos é fundamental para a polinização e formação de frutos, nesta cultura só as fêmeas importam, pois são as flores das suas múltiplas variedades a parte mais cobiçada pela indústria cervejeira. A polinização é irrelevante.

Um poderoso exército de guerreiras amazonas ergue-se em direção ao céu, trepando vigorosamente fálicos tutores, a mais de 6 metros de altura. No Verão exibem abundantes e virtuosos cachos florais, dignos de qualquer canabinácea de sangue real.

O ritual para sentir o aroma das flores no campo é extraordinário. Colhe-se um cone e escacha-se ao meio. O nariz faz o resto. E o que cada variedade tem para nos remeter ao cérebro é digno do panteão olfativo, mesmo o do mais comum apreciador de cerveja.

Beber uma (ou seis ou sete) nunca mais será a mesma coisa. Evoluímos. Conseguimos, ainda que por momentos, tocar a mestria dos grandes cervejeiros.

Confesso-me absolutamente rendido às variedades Cascade e Columbus, que nos transportam numa viagem entre os frutados, cítricos, picantes, florais, até à complexidade do maracujá.

Repousam em segurança no cofre dos aromas do aparelho cognitivo, na companhia de milhares de outros, contribuindo para o meu enriquecimento pessoal, de forma totalmente lícita.

Tenho um orgulho tremendo na nossa classe profissional. Muito obrigado Sr. Rodrigues!
 



Flores femininas
 
Flores masculinas
 









 

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