Erva-prata

Quando se tem uma coleção botânica com tantas espécies como as que existem nos jardins produtivos do Cantinho das Aromáticas, é habitual que, ao longo dos anos, algumas se vão perdendo.

Ou porque não se adaptaram às condições locais, ou porque não fomos suficientemente competentes para as cuidar. Não é o caso da erva-prata (Paronychia argentea), também conhecida por erva-dos-linheiros, erva-dos-unheiros, paroníquia ou paroníquia-prateada.

Frequente em quase todo o país, surge espontânea em solos secos, arenosos ou pedregosos, bermas de caminhos e nas dunas. É nas areias, próximo do mar, que mais gosto de a encontrar.

Esta planta perene, algo lenhosa na base, cresce prostrada, formando tapetes que, quando em floração, se tornam absolutamente deslumbrantes, cobrindo de prata calhaus que se transformam em joias, areias que deixam de contar o tempo.

Cuide observar as suas pequenas flores à lupa, sinta a textura dos tecidos que a compõem, é uma daquelas experiências que merece ser vivida. É tão resiliente, que nos contextos mais extremos, a sua parte aérea habitualmente seca nos períodos mais tórridos, com a segurança de que voltará a rebentar, na Primavera seguinte.

Foi sempre uma das minhas plantas de cobertura favoritas para jardins xerófitos. Não conheço um único viveiro a produzir esta espécie no nosso país. Igualmente espantoso é o seu enorme potencial terapêutico, cada vez mais estudado, por cientistas de todo o mediterrâneo, revelando uma ampla gama de atividades farmacológicas.

Diurética, adstringente, constitui um potencial tratamento para doenças renais. Tem propriedades analgésicas, é utilizada no tratamento de úlceras estomacais. Contribui para a eliminação de toxinas do sangue. Uma planta extraordinária, com um potencial imenso, ainda por descobrir.

Dei com este exemplar na nossa coleção botânica a “olhar” para mim, com o seu olho verde, que piscou, um claro sinal dando-me conta que teria que partilhar a prata do nosso cofre do tesouro, consigo.
 





 

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