Porque precisamos de uma Associação Nacional de Sementes Nativas?
Em Portugal, dezenas de espécies da nossa flora correm sérios riscos de se extinguirem muito em breve se nada for feito para as preservar. Enquanto a transposição da Lei do Restauro da Natureza da União Europeia para o direito interno não está concluída - atualmente em preparação por um grupo de trabalho criado pelo Governo - multiplicam-se os projetos de restauro ecológico.
O problema é que todos estes projetos enfrentam a mesma barreira: não existe em Portugal um sistema nacional de certificação de sementes nativas, nem produção em escala suficiente para responder às necessidades.
Sem elas, os restauros recorrem a plantas de viveiro, muitas vezes importadas ou de proveniência incerta, geneticamente pouco relevantes para os nossos ecossistemas. O resultado? Intervenções frágeis, pouco resilientes e incapazes de garantir a recuperação autêntica da biodiversidade portuguesa.
É certo que já existem esforços importantes: o CENASEF (ICNF, Amarante), especializado em árvores e arbustos florestais autóctones, e o Banco Português de Germoplasma Vegetal (INIAV, Braga), dedicado à conservação de variedades agrícolas e espécies cultivadas.
Mas nenhuma destas estruturas cobre de forma sistemática a flora nativa selvagem necessária para restaurar ribeiras, dunas, prados, matos ou zonas húmidas. A genética local da nossa flora - fruto de milhares de anos de adaptação a solos pobres, secas, fogos e pragas - continua sem uma infraestrutura nacional dedicada.
É aqui que nasce a proposta da Associação Nacional de Sementes Nativas (ANSN) e do Banco Nacional de Sementes Nativas (BNSN). A ANSN não substitui o ICNF ou o INIAV, mas trabalha em estreita cooperação com ambos: o ICNF assegura o enquadramento legal, autorizações e monitorização; o INIAV apoia com laboratórios e integração nas bases de germoplasma; a ANSN coordena a implementação prática, certificação e ligação com viveiros e empresas.
O que propomos
O problema é que todos estes projetos enfrentam a mesma barreira: não existe em Portugal um sistema nacional de certificação de sementes nativas, nem produção em escala suficiente para responder às necessidades.
Sem elas, os restauros recorrem a plantas de viveiro, muitas vezes importadas ou de proveniência incerta, geneticamente pouco relevantes para os nossos ecossistemas. O resultado? Intervenções frágeis, pouco resilientes e incapazes de garantir a recuperação autêntica da biodiversidade portuguesa.
É certo que já existem esforços importantes: o CENASEF (ICNF, Amarante), especializado em árvores e arbustos florestais autóctones, e o Banco Português de Germoplasma Vegetal (INIAV, Braga), dedicado à conservação de variedades agrícolas e espécies cultivadas.
Mas nenhuma destas estruturas cobre de forma sistemática a flora nativa selvagem necessária para restaurar ribeiras, dunas, prados, matos ou zonas húmidas. A genética local da nossa flora - fruto de milhares de anos de adaptação a solos pobres, secas, fogos e pragas - continua sem uma infraestrutura nacional dedicada.
É aqui que nasce a proposta da Associação Nacional de Sementes Nativas (ANSN) e do Banco Nacional de Sementes Nativas (BNSN). A ANSN não substitui o ICNF ou o INIAV, mas trabalha em estreita cooperação com ambos: o ICNF assegura o enquadramento legal, autorizações e monitorização; o INIAV apoia com laboratórios e integração nas bases de germoplasma; a ANSN coordena a implementação prática, certificação e ligação com viveiros e empresas.
O que propomos
- Recolher e conservar ex-situ, em condições seguras, sementes de centenas de espécies autóctones;
- Criar uma rede nacional de campos-mãe e viveiros certificados por regiões de proveniência, incluindo Açores e Madeira;
- Implementar o selo “Proveniência Nativa PT”, garantindo que todos os projetos de restauro usam material com genética local, rastreável e certificado;
- Desenvolver um catálogo online aberto e transparente, com lotes disponíveis para obras públicas, projetos empresariais e cidadãos;
- Criar a Academia da Semente Nativa, formando coletores, técnicos e empresas para garantir qualidade e escala.
O que de melhor se faz lá fora
No Reino Unido, o Millennium Seed Bank (Kew) conserva 2,4 mil milhões de sementes de quase 40 000 espécies, numa rede global de mais de 100 países. Na Alemanha, o sistema Regiosaatgut tornou obrigatória a utilização de sementes de proveniência regional desde 2020, com certificação RegioZert®.
Portugal tem de dar este salto. O desafio está em transformar estas referências internacionais num programa robusto e adaptado à realidade portuguesa, através de parcerias sólidas entre ciência, instituições públicas, empresas e sociedade civil.
Qual o papel das empresas?
As empresas podem ser protagonistas neste projeto. Obras públicas, energia, transportes, construção, turismo e finanças já reconhecem a necessidade de integrar a natureza nas suas estratégias de sustentabilidade. A participação pode assumir várias formas:
No Reino Unido, o Millennium Seed Bank (Kew) conserva 2,4 mil milhões de sementes de quase 40 000 espécies, numa rede global de mais de 100 países. Na Alemanha, o sistema Regiosaatgut tornou obrigatória a utilização de sementes de proveniência regional desde 2020, com certificação RegioZert®.
Portugal tem de dar este salto. O desafio está em transformar estas referências internacionais num programa robusto e adaptado à realidade portuguesa, através de parcerias sólidas entre ciência, instituições públicas, empresas e sociedade civil.
Qual o papel das empresas?
As empresas podem ser protagonistas neste projeto. Obras públicas, energia, transportes, construção, turismo e finanças já reconhecem a necessidade de integrar a natureza nas suas estratégias de sustentabilidade. A participação pode assumir várias formas:
- Investimento direto: apoiar a instalação do banco e da rede de produção;
- Compromisso de adoção: incluir o selo “Proveniência Nativa PT” nos cadernos de encargos de obras e projetos;
- Compensações ambientais: assegurar que medidas de mitigação e compensação se fazem com genética local;
- Patrocínio e responsabilidade social: associar a marca à preservação da biodiversidade e à recuperação dos ecossistemas portugueses.
O desafio
Sem este projeto, Portugal dificilmente terá condições para cumprir as metas de restauro ecológico previstas na Estratégia da UE para a Biodiversidade 2030 e na Lei do Restauro da Natureza. Continuaremos a restaurar com plantas de viveiro importadas, geneticamente irrelevantes e sem ligação à nossa paisagem.
Com este projeto, podemos transformar o paradoxo em oportunidade: preservar a genética local, restaurar ecossistemas com autenticidade e construir paisagens mais ricas, resilientes e fiéis à biodiversidade que nos define.
É tempo de agir. Convidamos empresas, municípios e cidadãos a juntar-se à criação da Associação Nacional de Sementes Nativas e do Banco Nacional de Sementes Nativas.
Porque conservar as nossas plantas não é apenas proteger a natureza: é proteger quem somos.

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