As promíscuas
Hortelãs (Mentha sp.)
São das plantas mais populares do
planeta, transversais a uma série de indústrias que as utilizam para fazer
medicamentos, tabaco, gelados, guloseimas, ou cosméticos. Por terem grande
afinidade genética, hibridam facilmente, dando origem a exemplares com enorme
variabilidade, que vão povoando hortas e jardins, mas perdem facilmente certas
características importantes, como o aroma específico de cada espécie. Os
apreciadores devem evitar a todo o custo que isto aconteça, propagando sempre
cada uma delas somente por estacaria ou divisão de rizomas.
Também são as plantas mais fáceis
de cultivar que conheço. Quem não conseguir cultivar hortelãs, o melhor que tem
a fazer é dedicar-se ao corte e costura!!! Brindam-nos com fartura, são
generosas, embora ambivalentes... Devido à sua natureza invasiva ficam pouco
tempo no mesmo lugar, querem sempre partir à procura de novas conquistas. No
jardim é preciso ser um bom estratega para evitar que colonize novos
territórios. Se as contiver separadamente em vasos ou floreiras irá resolver
certamente este problema.
O mentrasto (M. suavolens) é espontânea no nosso país e vulgarmente aparece
sem ser convidada, mas não tem interesse
enquanto planta condimentar. A hortelã-vietnamita (Persicaria odorata) é uma planta exótica, fazendo parte da
cozinha, marcando presença nos jardins apenas recentemente. Apesar de
vulgarmente se designar como hortelã, não faz parte desta família de plantas.
Hortelã-pimenta (Mentha x piperita) é um híbrido, que surge essencialmente cultivado
nas hortas e jardins. Apresenta folhas escuras, sabor picante e um aroma
inconfundível; Recordo bem aqui há uns anos atrás, numa palestra no Gerês, um
padre amigo dizer em relação à hortelã pimenta: “o povo faz com esta planta
um licor a que chamam de levanta-o-pau!!!” - levantou o dedo no ar e
exclamou: “E funciona!!!”. Há poucos casamentos perfeitos na vida, mas a
hortelã pimenta faz um deles, com chocolate. Gosto de a recomendar para mexer o
café, substituindo a colher ou o irritante pau de canela. Tenho sempre o óleo
essencial por perto, para combater enxaquecas e enjoos de viagem. Ficava com
esta para sempre.
Hortelã-vulgar (Mentha spicata) Surge essencialmente cultivado em hortas e jardins. Com folhas claras, de aroma mais doce e frutado que a hortelã-pimenta. De todas, talvez seja a mais transversal à cozinha e está disposta a proporcionar bons momentos em tudo o que se mete. Não falha, é irrepreensível, sensata, uma boa companheira para mastigar, em jeito de chiclete, no fim de uma refeição em que o alho foi rei (o que pode pôr em causa uma saudável convivência social...
Hortelã-da-ribeira ou erva peixeira (Mentha cervina) É um endemismo ibérico, tem um aroma próximo ao do poêjo. É a mais pequena e sensível de todas. A inserção de folhas no caule faz lembrar um mini-alecrim, pelo que também é conhecida como alecrim-do-rio. Ainda há pouco tempo estava desaparecida da gastromomia portuguesa, limitada a meia dúzia de tascas, que a usam nos petiscos e afins. Voltaste, és bem-vinda e eu gosto muito de ser um dos culpados pelo teu regresso!!!
Poêjo (Mentha pulegium) Espontânea no nosso país, tem um aroma absolutamente distinto. Considerada a mais potente de todas em propriedades medicinais. Divide o país gastronómico: Na cozinha do sul é uma lady, na mesa do norte, uma desconhecida de aspecto atraente, mas a quem se pedem provas ou se tem receio de provar. Deve ser usado em pequenas quantidades por apresentar alguma toxicidade.
Hortelã-mourisca (Mentha aquatica) Também é nossa, abunda próximo das linhas de água e pode ser confundida com a hortelã-pimenta. No entanto o seu porte é muito maior, as folhas são arredondadas e o aroma é doce e perfumado. A maior de todas em porte. Cheira a água de colónia e poucos são os que já a experimentaram, mas eu, que já fui com todas, recomendo.
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