Sangue de Dragão

Entre a grande coleção de árvores e arbustos do jardim produtivo do Cantinho das Aromáticas, tenho que destacar os Dragoeiros (Dracaena draco), também conhecidos por Árvore-dragão ou Drago, como sendo uma das mais raras.

A espécie é originária da região biogeográfica atlântica da Macaronésia, onde é nativa nos arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores, ocorrendo localmente na costa africana vizinha e em Cabo Verde.

Apesar de comum e muito apreciado como planta ornamental nos jardins daqueles arquipélagos, o dragoeiro encontra-se vulnerável no estado selvagem devido à destruição do seu habitat. A sua abundância varia entre relativamente comum nas Canárias a raro na ilha da Madeira e na maioria das ilhas açorianas.

É o símbolo vegetal da ilha de Tenerife. Nas Canárias o dragoeiro era considerado uma árvore sagrada pelos povos guanche, servindo alguns exemplares de ponto de referência e assinalando locais de reunião e de significado religioso.

O nome dragoeiro vem da cor da sua seiva, quando exposta ao ar, forma uma substância espessa vermelho vivo, a que se dava o nome de “sangue de dragão”, muito apreciado no passado. As incisões no caule provocam a libertação de seiva líquida e incolor, que em contacto com o ar, solidifica e adquire a cor do sangue.

Nos primeiros tempos do povoamento, a Madeira exportou sangue de dragão, muito apreciado na Europa pelas propriedades medicinais e também utilizado como corante para tingir tecidos e ingrediente no fabrico de verniz para violinos.

Era comercializada para tinturaria e fins medicinais a preços bastante elevados. Planta de fácil cultivo, tolera relativamente bem o frio. O seu aspecto faz lembrar um fóssil vivo! Facilmente se confunde com outras espécies, plantadas nos jardins, um pouco por todo o lado.

Temos alguns exemplares, mas o da imagem é o maior de todos. Não se deixem levar pelo porte, são de crescimento muito lento, este exemplar tem cerca de 20 anos. Tenho uma ligação muito forte com estas árvores.

Tão forte que até lhes conheço a mãe. É verdade, a mãe deste e da maioria dos nossos dragoeiros tem mais de 400 anos e vive no Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa, lugar onde fui muito feliz a dar aulas, durante 12 anos consecutivos.

Também conheço a maioria dos exemplares de maior porte nas ilhas dos Açores e até um exemplar maravilhoso, que vive escondido num palacete algures na Avenida da Boavista, no Porto. Gostaria de um dia plantar alguns próximo do Estádio Do Dragão, para homenagear o clube do meu coração.
 
 

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