Limonete, a favorita

Possuindo diversas sinonímias, tais como lúcia-lima, bela-luísa, cidrila, doce-lima, erva-luísa, pessegueiro-inglês, é uma planta que não deixa ninguém indiferente. Designada botanicamente como Aloysia triphylla, surge espontânea na Argentina, Chile e Perú. Introduzida na Europa no séc. XVIII, o seu nome foi atribuído em honra a Maria Louisa, princesa de Parma.

Pouco tolerante ao frio, não deixa de ser uma excelente alternativa no jardim, pelo fino recortado das suas folhas e pelo forte e doce aroma a limão que liberta. É, sem dúvida, a minha planta aromática favorita.

Podendo atingir uma altura de 200-300 cm e uma largura equivalente, quando não podada, forma por vezes arbustos magníficos que aparentam ter uma idade superior à que na realidade tem, por apresentar caules muito lenhificados e contorcidos. É um arbusto de folha caduca, podendo atingir mais de 20 anos. Floresce normalmente entre Junho e Setembro, apresentando minúsculas flores brancas em panículas. Gosta de estar em solos leves, bem drenados, ao sol.

Não produz sementes viáveis no nosso país, pelo que a sua propagação só é possível por estacaria e esta nem sempre é fácil, sobretudo quando a efectuamos com material do ano anterior. A taxa de sucesso aumenta quando se utiliza material herbáceo, em plena Primavera/Verão. Nos últimos anos tem vindo a instalar-se nos viveiros uma praga designada mosca do terriço, que deposita os seus ovos nos substratos, de onde emergem as larvas que atacam sobretudo material lenhoso ou semi-lenhoso, provocando enormes estragos. É muito difícil de combater, mesmo com os pesticidas convencionais. Este ano ensaiámos um ácaro parasitóide específico para o combate desta praga, juntamente com armadilhas cromotrópicas amarelas e barreiras físicas e os resultados foram muito animadores, tendo a taxa de sucesso da propagação aumentado consideravelmente.

A nossa exploração tem instalado o maior cultivo em modo de produção biológico do país desta planta, superando as 12.000 plantas, permitindo obter anualmente uma produção de algumas toneladas de material seco que visa sobretudo a exportação. A parte mais bem paga é a folha, que obriga no entanto a muita mão-de-obra.

Deve ser podada algumas vezes no ano para que mantenha sempre novos crescimentos e um aspecto equilibrado e saudável. A poda é fundamental para formar a planta podendo esta proporcionar ao longo do tempo maior quantidade de material/m2. É normal efectuarem-se 4 cortes/ano.

Sensível ao oídio e a podridões radiculares. Evitar regas molhando as folhas e o excesso de água no solo. A mosca branca e os afídeos podem provocar estragos sérios. Não vou esquecer mais o ataque de afídeos que tivemos esta Primavera, eram aos milhões espalhados por toda a plantação. Desanimado e a preparar uma solução de sabão de potássio para os combater, eis que chega o exército mais bonito que vi na vida: milhões de reluzentes e esfomeadas Joaninhas que em muito pouco tempo LIMPARAM por completo os afídeos, sem que restasse um. Para mim, um verdadeiro milagre que só a mãe natureza pode mesmo proporcionar. Avistámos larvas de Joaninhas, decidimos então atrasar o corte alguns dias para que estas se pudessem formar por completo. Assim que partiram, colhemos. Garantimos desta forma uma geração seguinte desta amiga, que para o ano estará seguramente do nosso lado outra vez.

Quanto às propriedades medicinais, a sua infusão extremamente agradável auxilia a digestão, além de ter propriedades calmantes e sedativas. Usada em aromaterapia para combater problemas digestivos e nervosos. O seu óleo essencial é insecticida e bactericida

As folhas secas são utilizadas em pout-pourris, frescas em saladas e sobremesas de fruta. Excelente a aromatizar geleias, azeites e vinagres. Os seus rebentos verdes são óptimas alternativas para embelezar e perfumar ramos de flores. Não se deve tomar a infusão de forma repetida pois possui um alcalóide que, em excesso, poderá causar perturbações gástricas.

Representa uma excelente opção para o jardim, podendo ser cultivada em vasos mas preferencialmente no solo e perto de um local de passagem, de forma a presentear-nos com o seu fantástico aroma, como se nos quisesse recordar que está ali, a nossa favorita.

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1 comentários:

J M Tavares Rebelo disse...

Na ilha de S. Miguel, Açores, esta planta é conhecida por Maria Luísa.
Zé Micaelense