Alentejo

Terminado o I Congresso Nacional dos Recursos Silvestres do Mediterrâneo, no qual fui orador, posso afirmar que o balanço foi bastante positivo, quer pela qualidade das comunicações apresentadas, quer pela competência revelada pela organização e, sobretudo, pela vontade de fazer, de trabalhar, demonstrada por muitos dos presentes. Já participei em dezenas de congressos, mas a maior parte deles serve apenas de veículo de transporte de trabalho e conhecimento que depois 'morre' a ganhar pó na prateleira de uma Universidade qualquer.

Agora parece que finalmente se opera a mudança (será da crise?!!!), os envolvidos também querem gerar produção, gerar mais valias com todo o trabalho de investigação. Espero mesmo que isto possa acontecer, especialmente na agricultura portuguesa, sector fundamental da economia, da integridade dos solos e da segurança nacional do País.

Formaram-se tantos agrónomos (e continuam a formar-se) e destes, tão poucos são agricultores... 17, 20, 25 anos de ferramentas (licenciaturas, mestrados, doutoramentos) pagas pelos pais, pelos próprios, pelo Estado, não podem resultar só em prestadores de serviços, professores e vendedores de alguma coisa qualquer. Porque não agricultores?! Porque não produzir?!

Ainda povoam o espírito de muitos as ideias mesquinhas de que não vale a pena arriscar, dá muito trabalho, é preferível jogar pelo seguro... E é este tipo de mentalidade que reina, sendo um dos principais entraves à mudança na agricultura portuguesa, porque é um exemplo que vem de cima para baixo, vem de quem forma, de quem devia dar o exemplo, mas nunca teve a coragem para o fazer de facto. Resta aos jovens fazer aquilo que o seu País festeja todos os anos por alturas daquilo a que chamam REVOLUÇÃO DE ABRIL (será que ainda alguém sabe o que significa??!!!)

Esta nova revolução, se for mesmo séria e a pensar no futuro, levá-los-à de forma pacífica e conscenciosa de volta à Terra, seu lar, seu ganha-pão, contra-corrente, contra a desertificação, contra o aburguesamento desenfreado dos cobardes que não investem no seu futuro, bem como no futuro do seu legado.

Deixando Barrancos para trás, tomo a direcção de Noudar, porque me disseram que não podia ir embora sem visitar. E ainda bem que fui.




 Parque de Natureza de Noudar

 Aqui senti o prazer do silêncio, que nos dias que correm é um verdadeiro luxo, só disponível para alguns...

 Casa de turismo do Parque de Noudar


 Campos de cultivo de PAM certificados

 Símbolo da região - Porco preto


 Vacas em excesso de velocidade

 Rio serpenteado

 Amendoeira em flor


Castelo de Noudar
 
Resta-me a viagem para Lisboa e o regresso ao trabalho, puro e duro... Mas voltarei a estas paragens!!!

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CONVERSATION

1 comentários:

José disse...

Fantástico. Esperemos mesmo que haja essa "retoma" na agricultura para que nos possamos salvar e também salvar o país. Parabéns pelo seu empenho e paixão.