Sair do anonimato

Alguns dizem que o facebook já não é o que era… que se dividiu em dois, o que os separa é a mesma distância que vai do céu ao inferno.

Para muitos é um lugar virtual onde despejam lixo emocional, violência gratuita (quase sempre com graves erros de português, o que já em si é uma violência), um mictório público em que, tantas vezes sob a capa de um falso perfil, frequentemente se urina para fora dos limites.

Entrar em certas caixas de comentários é muito mais arriscado do que a primeira vez que se partilha um flato debaixo dos lençóis com a pessoa amada, com toda a desagradável realidade sentida.

Também há quem o use para partilhar bonitas imagens de flores e paisagens, com mensagens de esperança, quase nunca de autoria reclamada, quase sempre em português do Brasil.

Para quem tem pressa e lê pouco, tornou-se uma ‘sopa’ de notícias, como aquelas sopas com pequeninas massas em forma de letras, que se levam de colher à boca sem nunca mastigar. O que interessa é que enchem o bandulho, mesmo que não se conheça a composição nutritiva…

É palco de políticos e comentadores desportivos de bancada, que se comportam como tubos digestivos acéfalos, que apenas existem para regurgitar matéria que outros já defecaram por eles.

Este é o facebook do inferno, um lugar que arde mesmo sem se ver…

Do lado do céu, como sempre, o cenário não é o melhor… dá muito trabalho lá chegar, mas continua a compensar. Gente que partilha ideias e pensamentos estruturados, notícias em que arriscam dar a sua opinião, imagens que inspiram, projectos profissionais que facilmente se conseguem divulgar entre muitos interessados e atentos.

O facebook continua a ser fundamental para fazer chegar o nosso trabalho, produtos e serviços a um universo maior do que o pequeno lugar onde está o nosso público habitual.

Depois desta reflexão, servida em forma de entrada, gostaria de passar ao prato principal, dedicado aos meus colegas de profissão, pequenos e médios agricultores deste pequeno país.

A nossa profissão sofre, entre muitos outros problemas, de um em particular, para o qual vos proponho uma simples solução. Sair do ANONIMATO, passar a ter um rosto associado aos vossos produtos e serviços.

A acompanhar a refeição, encorajo os meus colegas a escreverem na janela de busca do facebook a palavra Agricultor, com A grande. Seria de esperar que o resultado da pesquisa fossem centenas de perfis, mas, espantosamente, não… como é isto possível?! 

Está lá o Luis Alves Agricultor, o meu querido amigo Pedro Agricultor (uma espécie de Zé do Telhado da agricultura urbana, pois passa parte da sua vida a montar hortas em telhados de hotéis e restaurantes) e pouco mais…

O facebook é uma excelente forma de indexar perfis, mesmo que já tenham páginas criadas para as vossas empresas. Desta forma, é muito mais simples serem encontrados.
 

Se apreciaram o vinho, o passo seguinte será criar de imediato uma página pessoal com o vosso nome, seguido de Agricultor com A grande. Com uma boa imagem de perfil, previamente aprovada por quem mais estimam. Tudo isto sem abdicarem da vossa página pessoal, caso a tenham.

Como sobremesa, sair do anonimato é para o agricultor contemporâneo tão importante como qualquer certificação. Nas definições deve constar figura pública, para que não sobre margem para dúvidas, a quem vos encontrar.

Resta fazer da gestão da página, por mínima que seja a partilha de conteúdos, um lugar em que senhoras e cavalheiros, faça chuva ou faça sol, ao longo das estações e do tempo, divulgam esta nobre profissão, sempre com o céu no horizonte. E uma boa infusão na mão de semear.

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