Estou apaixonado

Aos 46 anos descobri uma nova e intensa paixão. A melancia. Este ano, desde que comi a primeira, não consigo passar um dia sem ter uma por perto. 

É mais forte do que eu. Em vez de açambarcar gasóleo, com medo da greve, como fazem a maioria dos portugueses por esta altura, dou por mim a açambarcar melancias no supermercado.

Afago-as carinhosamente, percorro delicadamente as suas generosas curvas, toco-as como o carteiro tocava, pelo menos duas vezes.

Depois de terminado o casting, escolho as mais talentosas e transporto às 4 e 6 de cada vez, o que dá 25 a 40 kg delas, assim inteiras, prontas a devorar.

Não sem antes fazerem um pequeno estágio no frigorífico, já de metades abertas, exibindo luxuriosa polpa vermelho-carnal, que me há-de percorrer a corrente sanguínea, fresca e saciante.

Fui ao Doutor Google tentar compreender o poder que esta fruta passou a exercer sobre mim. E ele fez o que sabe fazer melhor.

Começou primeiro por me dizer que ela é hidratante, nutritiva, digestiva e leve. É tão boa que não devemos comer demais. Nem misturar vinho, que poderá enrijecer a nossa relação.

Logo de seguida, o maroto do Doutor explicou-me que a Meli C. é rica em citrulina, uma substância que aumenta a produção de óxido nítrico, que depois expande os vasos sanguíneos para melhorar a circulação. 

O que contribui para o aumento do desejo. Há também estudos que indicam que a melancia pode ter o mesmo efeito que o viagra tem no corpo.

Será por isso que não paro de pensar nela?! Mais alguém a atravessar uma crise de fruta?!

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