Kombucha

Entre 1997 e 2002 fui encarregado geral dos jardins do Parque de Serralves, no Porto. Foi um período fantástico da vida de um jovem agrónomo, ávido de novas aprendizagens e experiências.

Guardo milhares de memórias extraordinárias desses tempos. Como a da simpática senhora alemã, já com uma idade avançada, que me visitava três ou quatro vezes por ano.

Terapeuta experiente na manipulação de plantas medicinais e preparados fitoterapêuticos, vinha da Vila das Aves de táxi, carregada com pesados sacos onde me trazia novas espécies de plantas, sementes e alguns preparados que ela achava serem interessantes para mim.


Passeávamos demoradamente pelos jardins, sempre com o propósito de falar de plantas medicinais, suas virtudes e aplicações. No final oferecia-lhe sempre plantas e sementes, por troca.

Com o seu contributo e o de tantos outros, a enorme colecção de espécies de plantas aromáticas, medicinais e condimentares do jardim foi crescendo, até se tornar uma referência internacional.

Certo dia trouxe-me um frasco enorme, com um estranho e viscoso conteúdo. Um líquido escuro, com uma cultura de bactérias e leveduras, de aspecto tenebroso.

Explicou-me no seu português arcaico e difícil de perceber, que era algo que tinha trazido de uma das suas viagens ao oriente e que deveria beber regularmente, pois era muito bom para a saúde, para o sistema imunitário.

E que poderia cultivar aquelas bactérias para sempre, adicionando também plantas aromáticas ao processo. Carinhosamente guardei o frasco, mas nunca provei uma gota do seu conteúdo, acabando por deitar fora alguns dias mais tarde.

20 anos depois descubro que o que esta querida amiga me ofereceu foi kombucha, uma bebida de chá fermentado pela presença do SCOBY (Symbiotic culture of bacteria and yeast).

Na altura era demasiado jovem, a vida ainda não me tinha preparado para perceber a importância desta generosa oferta…

Esta bebida fermentada é agora uma das maiores tendências actuais, um pouco por todo o mundo, pois contém probióticos vivos, eletrólitos, ácidos acéticos e enzimas activas, que tornam o seu consumo extremamente saudável.

Graças ao Gonçalo Campos e aos kits de produção caseira que a sua empresa Mai Kombucha comercializa, estou oficialmente viciado na preparação caseira desta fantástica bebida.

A primeira produção já se encontra engarrafada, uma fermentação de chá verde, com infusão de hibisco, será aberta para a primeira prova daqui a 6 dias!

E o SCOBY já está a trabalhar na segunda produção! Quem não conhece, tem que experimentar! É fabuloso!
 
 

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