Dióspiro

O dióspiro (Diospyros kaki) é um fruto proveniente da Ásia, mais precisamente da China, de onde foi levado para a Índia e para o Japão, onde se cultiva desde o século XVII. Etimologicamente Dióspiro vem do grego Theos-piro, relativo à beleza da árvore, Fogo de Deus (piro-tecnia) (Theo-logia).

Com o passar do tempo, difundiu-se pelos cinco continentes. Actualmente, os principais países produtores são o a China, o Japão, a Coreia , o Brasil, a Índia e, na Europa, Itália e Espanha.

Em Portugal existem alguns pomares, bem conduzidos, regados e com boa produtividade, localizados sobretudo na região do Algarve. Contudo, a maioria do dióspiro é proveniente de árvores dispersas ou em bordadura, espalhadas por todo o país, sendo o seu interesse económico reduzido. A área ocupada por esta cultura é de cerca de 231 ha, dando origem a uma produção superior a 2.900 toneladas anuais.

O diospireiro é uma espécie de origem subtropical, adaptando-se em de clima temperado. As suas variedades dividem-se em função da sua adstringência. As "adstringentes" - Coroa de Rei, Kaki tipo e Roxo Brilhante - são as mais comuns e necessitam de uma maturação adequada para poderem ser consumidas. As "não adstringentes" – Fuyo, Hana Fuyo, O Gosho, Giro, Cal-Fuyo, Fau-fau e Sharon - podem consumir-se de imediato, após a colheita.

É uma espécie de folha caduca, exigente em horas de frio para quebrar o repouso vegetativo. Suporta as temperaturas baixas de Inverno e apresenta sensibilidade às geadas tardias de Primavera. É uma espécie muito sensível ao vento, principalmente na época de produção, e muito exigente em luminosidade. Adapta-se a diferentes tipos de solos, desde os arenosos aos argilosos, preferindo, no entanto, os de textura média, profundos, bem drenados e ricos em matéria orgânica. É uma excelente planta ornamental.

Qualquer que seja a variedade considerada, o fruto do diospireiro, retirando a sua fina casca, é praticamente constituído só por polpa, de aparência gelatinosa e fria, composta basicamente de mucilagem e pectina, responsáveis pela aparência característica da fruta. O seu teor de açúcar, que varia entre 14 e 18%, supera o da maioria das frutas de consumo popular. É uma boa fonte de sais minerais como potássio, cálcio, fósforo e ferro, vitaminas A, B1, B2 e C e ainda betacaroteno.

Esta fruta delicada é degustada basicamente ao natural. Embora muito pouco conhecidas, existem receitas de sobremesas, tais como: bolos, biscoitos e mousses, preparadas com o dióspiro. Para conservar este fruto fora da sua época de comercialização podem preparar-se compotas ou então proceder à sua secagem, processo este que, como aliás o de qualquer fruta-passa, tem a grande vantagem de manter as qualidades nutritivas da fruta sem que lhe sejam adicionados produtos químicos ou nocivos à saúde.

A colheita deve ser efectuada quando os frutos estão rijos e inteiramente coloridos. Trata-se de um fruto perecível que, após a colheita, é sujeito a um processo tecnológico de controlo de amadurecimento em câmaras de frio. O dióspiro é um fruto muito delicado e difícil de comercializar, pois tem a casca muito fina e a polpa mole. Deverá, por essa razão, ser bem embalado para o seu transporte. A excepção é a variedade Sharon, que produz frutos rijos e consistentes.

A época de comercialização ocorre desde o início de Outubro até meados de Dezembro. Cerca de 85 a 90 % da produção nacional destina-se aos mercados abastecedores dos grandes centros urbanos e 5 a 10% às grandes superfícies de venda. As vendas para o exterior são praticamente nulas, sendo que cerca de 95 % dos dióspiros à venda no nosso país provêm de Espanha.

A poda de produção realiza-se durante o repouso vegetativo do Diospireiro.

Como comprar e conservar

A coloração pode apresentar-se desde amarelo – alaranjado até um laranja escuro. Habitualmente, o diospiro tem um elevado conteúdo de taninos, o que faz com que os frutos não amadurecidos sejam adstringentes e com sabor amargo. Escolha diospiros que ainda conservem o pedúnculo e o cálice. Manipule com cuidado porque tem uma pele muito sensível a danos físicos. Poderá optar por comprar o fruto ainda duro e deixar amadurecer em casa, visto que o processo de amadurecimento é rápido e pode ainda ser acelerado se for colocado junto de outras frutas, como a banana. Evite os danos na pele e o amadurecimento excessivo porque nessa altura a pele tende a quebrar-se e poderão desenvolver-se assim bolores na superfície.

Vantagens e desvantagens

Devido ao seu elevado teor de hidratos de carbono, principalmente daqueles com absorção rápida, o consumo de dióspiro deverá ser moderado pela natureza energética e pelas alterações de glicemia (nível de açúcar no sangue) que podem provocar.

Tem na sua composição carotenos que irão ser transformados em vitamina A depois de absorvidos pelo organismo. A vitamina A é um componente dos pigmentos visuais responsáveis pela recepção de luz na retina dos olhos. Além disso, é importante para uma pele saudável, no crescimento, desenvolvimento ósseo e para a reprodução.

O potencial anticarcinógénico e antimutagénico dos taninos parece estar relacionado com a sua capacidade antioxidante, traduzindo-se numa protecção contra os danos oxidativos a nível celular e na inibição da produção de radicais livres responsáveis por induzir alterações celulares envolvidas em doenças como a aterosclerose, as doenças inflamatórias e o cancro.

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