Segurelha
A Segurelha ou Segurelha-das-montanhas (Satureja montana) é um arbusto perene, surgindo em terrenos incultos na Europa Mediterrânica em encostas e zonas declivosas e solos pobres e bem drenados, sempre com boa exposição solar, tal como esta planta gosta. Em Portugal encontra-se naturalizada, sendo também cada vez mais cultivada para diversos fins, representando uma excelente opção enquanto ornamental, já que é de muito baixa manutenção, depois de instalada apenas necessita de podas regulares para estimular a sua vegetação e evitar o envelhecimento precoce, não necessitando praticamente de rega durante todo o ano.
Podem ver algumas imagens dos nossos cultivos neste bilhetes de identidade do programa Biosfera.
Planta disponível aqui.
O solo para o cultivo desta planta não deve por isso ser muito fértil e deve ter sempre a melhor exposição solar. Excelente opção para cultivar em vasos e floreiras.
Não se deve confundir com outras espécies, como a segurelha-da-horta ou segurelha-de-Verão (Satureja hortensis), que é uma planta anual, silvestre em Portugal e a Satureja spicigera, de porte rasteiro e consistência mais herbácea, ambas com interesse culinário, mas com características distintas.
Goza de reputação de planta afrodisíaca, já que se pensa que o nome Satureja se deve a Plínio e terá origem em Satiro, que na mitologia grega era um animal metade homem, metade bode, que pastaria em campos ricos em segurelha, sendo invadido com um abundante apetite sexual. Conta-se que na idade média as instituições religiosas não cultivariam segurelha para que os irmãos (e irmãs) não manifestassem pensamentos e atitudes impuras!!!
O cheiro desta planta traz-me uma memória de infância à velocidade da luz. Nela encontro o intenso perfume de lápis acabado de roer (Viarco, amarelo e preto, ainda hoje existem!!!) com as renovadas dentolas da frente nas cadeiras de madeira da quarta-classe. Em todos os meus cursos faço o teste do lápis e do cheiro da planta e de facto a maior parte das pessoas faz esta viagem olfactiva comigo!!!
Em floração de Junho até Setembro, cobre de múltiplas flores brancas, o que torna esta planta numa deliciosa companhia, sobretudo para a legião de abelhas e outros insectos úteis que a visitam e trazem benefícios com a sua presença.
A propagação pode ser efectuada por sementeira, em Março/Abril. As jovens plantas surgem normalmente ao fim de 2 a 3 semanas. A estacaria também é possível, ao longo de todo o ano.
Estabelece um casamento perfeito com todas as leguminosas no prato. Por ser um excelente digestivo, previne cólicas e sobretudo a flatulência, inerente ao consumo de todos os grãos. Muitas vezes suspiro por favas guisadas, com pedacinhos de bacon e uns raminhos de segurelha ou apenas um simples caldo de cenoura, pontuado com um raminho da dita 5 minutos antes de servir… É por isso uma excelente planta condimentar, estando representada nos requintados ramos de cheiro, tão típicos na afamada cozinha francesa.
Para além da reputação enquanto condimentar, é também uma planta medicinal fundamental, por ter propriedades anti-sépticas, fungicidas, anti-diarreicas e anti-virais. É muito utilizada para combater inflamações das vias respiratórias, indisposições digestivas, como enfartamento, gases e cólicas e gastroentrites agudas. O óleo essencial é algo tóxico, pela elevada presença de carvacrol e não deve ser aplicado em crianças com menos de 6 anos.
Externamente, é usada em inflamações cutâneas e de mucosas diversas, como otites, estomatites, vaginites, em queimaduras ligeiras e micoses.
A sua colheita pode ser feita ao longo de todo o ano, mas são os novos crescimentos de Primavera/Verão as partes mais interessantes desta planta, pela elevada presença em substâncias ativas.
Pode tomar-se a infusão de 1 colher de sobremesa por chávena, 3 chávenas por dia ou o óleo essencial, 3-5 gotas sobre um torrão de açúcar, 3 vezes ao dia, no final das refeições.
Disponível aqui.
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