São muitas as memórias pascais que povoam o meu imaginário de infância: as ruas e as entradas das casas apresentavam-se enfeitadas com tapetes de flores e plantas, muitas delas aromáticas, como o alecrim (Rosmarinus officinalis), rosmaninho (Lavandula pedunculata), hortelã (Mentha sp.), heras (Hedera helix), feno de cheiro (Anthoxanthum odoratum) e pétalas de rosas. Confesso que sempre achei encantador todo este ritual e gostava de o ver recuperado.

No dia de Páscoa, o padre acompanhado por alguns dos paroquianos, transportava o crucifixo, casa a casa, vagarosamente, familiares, amigos e vizinhos reuniam-se na sala principal, onde o padre lhes dava a cruz a beijar.

Sobre a mesa eram colocados objetos religiosos e jarras com flores de Selo de Salomão (Polygonatum odoratum), juntamente com as ofertas destinadas a honrar as visitas: bolos, fruta, queijos.

Num envelope estava o folar (dinheiro), destinado ao padre. No final servia-se um Porto (ou 2 ou 3…). Será que o compasso ainda passa na minha freguesia?!!!

P.S: a piada clubística dos primeiros segundos é quase verdadeira: Confesso que ao regressar ontem de Lisboa, quando passei na segunda circular frente ao estádio do Benfica, ainda antes do jogo da meia-final da taça, estive mesmo tentado a fazer um desvio... Pensei que já não havia bilhetes... Pensei mal... Perdi um grande espectáculo ao vivo!!!