Praça da Alegria – a árvore de fruto…

Recordo perfeitamente a primeira vez que entrei nos estúdios da RTP Porto. Em 1998 era ainda um jovem em inicio de carreira, fui entrevistado por um Manuel Luís Goucha sem bigode e a conversa já era sobre plantas... Fui para falar de cursos de jardinagem em Serralves. Estava também a Sónia Araújo, esta mulher/instituição de beleza, hoje mamã, uma referência pela forma como comunica, pela simpatia, pela doçura, pela capacidade de trabalho.


Regresso 10 anos mais tarde, em Março de 2008. Tinha começado há 6 anos atrás um novo projecto de vida, como agricultor, no Cantinho das Aromáticas. Curiosamente vim outra vez falar de cursos, mas acabámos falando de plantas!!! Os jardins deram lugar à agricultura biológica. Deixei de ser o jardineiro do rei, passei a ser agricultor do século XXI!!! 

Começou com a Sónia Araújo perguntando: “De que forma é que podemos ter as ervas aromáticas em casa?! - Como é que plantámos?!” e eu respondi: “É muito simples!!!”. E de facto um dos maiores talentos deste programa é transformar temas tantas vezes complexos em temas de fácil compreensão para todos os que veem. 

Correu tão bem, que a produção decidiu arriscar e convidar-me outra vez... e mais outra... parece que o tema das plantas tinha vindo para ficar...


Com o Jorge Gabriel conversamos na minha terceira participação!!! Revelando uma certa ausência de talento para as plantas, o certo é que a química entre os dois, bem como a amizade foi crescendo como um pé de feijoeiro!!! A forma incrível como comunica facilmente e chega ao coração dos portugueses, a elevada competência enquanto profissional e sobretudo o bom humor, foram decisivos para que todas as rubricas, todas, fossem quase sempre tão divertidas!!!


Fui com o Hélder Reis à reserva do Cambarinho ver plantas em vias de extinção…


… com a Serenella Andrade ao festival de jardins…


... com a minha filha Beatriz plantamos uma horta…


…tão bons exemplos aqui foram mostrados... Conheço pessoas que hoje são agricultores porque o Praça os inspirou. Já cá estiveram connosco.


A Praça levou de forma decisiva as pessoas a repensarem o território... Contribuímos para que as pessoas vejam o país como um todo... educou, investiu na agricultura, na jardinagem, investiu nos agricultores, algo que nenhum outro programa soube fazer. Foi a Praça mais ecológica do País, porque arriscou. A Praça é o País descentralizado, é o País que não só Lisboa.

O fio condutor ao longo dos últimos 4 anos de rubricas foi sempre desmistificar uma série de coisas que tem a ver com as plantas, transmitir confiança, semear, cuidar, colher, enfim, este longo e maravilhoso processo que demora tempo a construir. Hoje queria dizer-vos isto:

A Praça não pode ser tratada como uma erva daninha, que se arranca, porque cresceu depressa demais, porque é incómoda, porque concorre com as outras. A Praça é como uma árvore de fruto com 18 anos, não é fácil de transplantar, corre o risco de morrer. Conquistou aquele lugar no jardim de todos nós, que é o nosso coração e espírito livre. E é ali naquele jardim que queremos que fique.

Não se muda uma árvore assim.. eu desta agronomia não entendo...

Venho pedir aqui que façam o mesmo pela Praça, que ajudem afinal a desmistificar a razão pela qual vai agora a Praça da Alegria para Lisboa, e peço que lancem no vosso jardim a semente desta ideia: que a Praça fique, que seja cuidada, para continuarmos a colher os maravilhosos frutos com os quais nos tem prendado.

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