Uma das maiores hecatombes da contemporânea agricultura nacional

Tenho saudades das porqueiras de Bornes e das meninas, que também são abóboras, mesmo depois da meia-noite. 
 
De variedades como Sonho e Monteluz, cujo porte e sabor nos fazem viajar até aquele maravilhoso e fumegante prato de sopa da nossa querida avó.
 
Que é feito das chilas de Borbela?! E de jerimuns e mogangos?! E das bolinas dos doces de Natal? 
 
O que vos fizeram é imperdoável, muito pior do que a falácia do espinafre da Nova-Zelândia.
 
Malditas miniaturas, que se fizeram à prateleira de supermercados e mercearias com a sua casca grossa e falsas promessas de redução de desperdício alimentar.
 
É uma das maiores hecatombes da contemporânea agricultura nacional. O genocídio das variedades de abóboras tradicionais que durante séculos nutriram gerações de portugueses e seus animais de criação.
 
Substituídas por meretrizes em miniatura, que alternam nos locais habituais com os nomes artísticos manteiga e hokaida e obrigaram cada português a investir numa rebarbadeira de cozinha, para as conseguir despir e comer.
 
Abóboras boas, hoje já só há em casas com classe, que é como quem diz, nos campos dos agricultores que se recusam a perdê-las. Sorte tem quem os frequenta e sabe o que é bom.
 

 

Share this:

CONVERSATION

0 comentários: