Quem está disponível para assumir um compromisso com quem produz aquilo que comemos todos os dias?

Vivemos tempos em que as prioridades da maioria estão lentamente a mudar, porque a consciência cresce e vai-se apoderando das nossas atitudes, das nossas decisões. 

Nos últimos anos marchamos sob a batuta das fidelizações que nos foram sendo propostas em catadupa por grandes companhias, que nos vendem produtos e serviços a um ritmo absolutamente frenético.

Fidelizamos uma casa ao banco a 40 anos, o seguro de saúde, a internet e o telemóvel, a energia, o clube de futebol, os cartões bancários e até o cartão do supermercado. 

Somos fiéis a todos estes monstros da economia e do lazer, que nos recordam todos os dias como é tão bom e importante sermos fiéis cumpridores dos rigores que nos impõem e quão vantajosas são as regalias desta fidelidade.

Infelizmente, em todo este processo de fidelidade, empobrecemos e perdemos uma enorme liberdade de escolha. Pagamos bem caro o esforço do nosso cortês sedutor, que sistematicamente se faz cobrar ao longo da cadeia de valor, pelo longo capuz que usa para se cobrir, só para nos seduzir.

A insatisfação com esta situação é exponencial nos países mais civilizados do mundo. O aparentemente frágil consumidor recusa ser o elo mais fraco. Percebeu finalmente que não está disposto a continuar uma relação em que não é ouvido, não é tido em conta, não é amado.

São cada vez mais aqueles que assumem uma vigorosa ruptura com os seus “companheiros” de outrora, procurando alternativas estáveis e duradouras, assentes numa relação directa e franca, baseada no compromisso, aberta ao diálogo, sem cartões, sem letras pequenas no contrato de 20 páginas, a preços honestos, sem a inflação do custo da máquina infernal, que nos procura seduzir e fidelizar, todos os dias.

Eu agricultor, estou disponível para iniciar e construir uma nova relação, de fidelidade e compromisso, com todos aqueles que sentirem fazer sentido nas suas vidas. Estou seguro que muitos dos meus colegas de profissão também o desejam. 

Procurem-nos, são seres maravilhosos, que dedicam toda a sua vida a si e aos seus, cultivando a Terra com alegria e dedicação. Este é um dos maiores compromissos ao alcance de um ser humano.

Quem está disponível para assumir um compromisso com quem produz aquilo que comemos todos os dias?

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